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terça-feira, 11 de julho de 2017

Arquitetos e programadores compõem o DUS, responsável pela fabricação digital de fachada do Europe Building, em Amsterdã

Por aU

Carine Savietto

Edição 280 - Julho/2017

As impressoras 3D e diversos setores da indústria - entre eles, a arquitetura, o design e a engenharia - vivem um início de namoro que promete ser longo e frutífero. A fabricação digital de produtos tem favorecido a liberdade dos profissionais de criação, assim como a utilização da tecnologia na modelagem de maquetes ajuda a identificar e solucionar erros de projetos que, de outro modo, seriam descobertos somente em estágios bem mais avançados da construção. Há também um campo bastante ambicioso, que diz respeito à impressão de casas e de outros tipos de edificações - em geral erguidos em algumas horas e extremamente baratos, se comparados às construções com métodos convencionais.
É justamente nessa trilha que avança o DUS, estúdio holandês que tem marcado seu espaço não apenas como referência em arquitetura pensada para ganhar vida por meio da impressão 3D, mas também como uma espécie de laboratório experimental que visa agregar estética e outras nuances conceituais do design a esse nicho promissor. Com sede em Amsterdã, o time do DUS é composto de arquitetos, programadores de software, inventores e, claro, especialistas em design paramétrico e impressão 3D. Dessa combinação de talentos têm nascido projetos que merecem um olhar cuidadoso, como o Europe Building, um edifício temporário erguido no coração da capital holandesa, na região de seus famosos canais, com a finalidade de sediar um evento temporário da União Europeia que teve duração de seis meses, no primeiro semestre de 2016.
LEGO PARA ADULTOS
O diferencial do projeto do Europe Building reside na fachada escultural, que combina uma grande tensoestrutura branca, que atua como cobertura, e trechos de bioplástico azul impressos no local - estes foram concebidos para funcionar como bancos, um oferecimento à população de uma área pública de descanso e convivência, espécie de alcova triangular protegida da chuva e do sol. A volumetria geral teve como inspiração os clássicos veleiros, que são o símbolo da região e que antigamente costumavam ser construídos ali.
Fabricados em uma impressora XL, indicada para a produção de peças de grande formato, os componentes foram encaixados graças a um sistema de click definido pelos arquitetos do DUS como "uma espécie de Lego para adultos, fácil de prender, mas impossível de soltar". Por fim, os assentos receberam como acabamento uma camada de concreto polido. Segundo os autores do projeto, a melhor maneira de estimular a disseminação do uso da impressão 3D na arquitetura é saber combiná-la com outras técnicas e materiais.
PENSANDO NO FUTURO
"Acreditamos que a impressão 3D vai nos levar a modos muito mais versáteis e ágeis de construir nossas casas e cidades", defende Hedwig Heinsman, sócia e cofundadora do DUS. Outra questão de vital importância é o viés sustentável relacionado à tecnologia: "Cada vez mais poderemos imprimir prédios temporários, que serão facilmente removidos, reciclados e reimpressos. Isso vai levar a um ciclo de produção inteiramente novo e, talvez, até à criação de uma espécie de 'banco de materiais', no qual as pessoas possam simplesmente alugar a matéria-prima necessária para sua obra temporária e usá-la pelo tempo que for preciso", completa o arquiteto, enfatizando que o objetivo do DUS é alcançar a expertise de um ciclo de produção que envolva desperdício zero.
Ainda de acordo com Hedwig, a principal desvantagem da tecnologia é apenas o fato de ainda estarmos no início de seu desenvolvimento: "Os materiais e os produtos precisam ser testados, estão sujeitos a verificação, inserção em regulamentos construtivos, melhorias no que diz respeito à resistência ao fogo etc. Esse processo poderia andar mais rápido, mas nossa análise é de que ainda caminha muito lentamente".

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